Sobre Vales Mortos
Vales Mortos é uma pequena aldeia do concelho de Serpa, distrito de Beja.
Situada numa das zonas mais tranquilas do Alentejo, bem no coração da denominada Serra de Serpa, pertence, atualmente, à União de Freguesias de Salvador e Santa Maria, tendo pertencido, anteriormente à aplicação da Lei nº 56/2012, de 8 de novembro, e da Lei nº 11-A/2013, de 28 de janeiro, à Freguesia de Salvador.
A cerca de 20 quilómetros da sede do concelho, Vales Mortos está situada à beira da estrada nacional 265, entre Serpa e Mértola.
Não é das mais antigas povoações do concelho, nem possui uma grande história, sabendo-se muito pouco acerca das suas origens. No entanto, é provável que tenha começado num simples lugarejo.
Segundo informação que se vai transmitindo de “boca-em-boca”, o início desta povoação remonta à segunda metade do século XIX. Também no “dizer do povo”, terá sido no sítio onde, atualmente, se localiza a Rua Larga, que foi construída a primeira cabana e as primeiras casas de taipa nas Ruas de Paimogo e de Serpa.
A sua localização geográfica, nomeadamente o facto de ser uma zona de passagem para as minas de S. Domingos, terá contribuído de forma decisiva, para aí se fixarem algumas pessoas que passaram então, a denominar, o lugar recém-criado, como Aldeia do Pica-Teles, designação que provavelmente teria a ver com o nome dos seus primeiros habitantes (os primeiros habitantes terão sido o senhor Amador, natural de Baleizão, o Teles de Pedrogão e o Pica de Vale de Vargo, sendo os dois primeiros antepassados do senhor Manuel Elisiário). Mais tarde, passou a chamar-se Vales Mortos. A origem toponímica, embora também por comprovar, terá ficado a dever-se ao facto dos habitantes dos arredores (malhadeiros) assim a denominarem, devido aos vales ao seu redor não serem cultivados.
A povoação de Vales Mortos ocupa uma área aproximada de 48 hectares, possuindo, atualmente, uma população residente, bastante envelhecida, de cerca de 180 pessoas (mais 40, entre emigrantes e pessoas que têm em Vales Mortos a segunda habitação e que aqui permanecem cerca de metade do ano). Ao longo das últimas décadas verificou-se um decréscimo progressivo no número de habitantes, o qual se tem vindo a acentuar até aos dias de hoje. Em meados do século passado, Vales Mortos apresentava uma população bem mais jovem, e terá chegado, nessa altura, a contar com cerca de 800 habitantes, incluindo os dos montes circundantes e os trabalhadores sazonais que vinham por altura da apanha da azeitona e da ceifa dos cereais.
Relativamente a atividades profissionais, a taxa de desemprego acaba por não ser significativa porque a população ativa está quase toda empregada ou tem uma ocupação profissional por conta própria, dedicando-se muitas famílias, sobretudo as que residem nos montes circundantes dispersos na serra, a diversas atividades no âmbito da exploração agrícola e pecuária.
Apesar da pequena dimensão e dos efeitos menos favoráveis da sua interioridade em termos geográficos, Vales Mortos é uma aldeia de gente dinâmica, com iniciativa e muito orgulho na sua terra.
Para além de alguns pequenos estabelecimentos comerciais existentes na povoação (mercearias, cafés, oficinas de reparação automóvel, padaria, queijaria, comércio de rações e materiais de construção, venda de mobiliário com carpintaria) que têm conseguido subsistir às épocas de crise, é de realçar a dedicação de algumas famílias a atividades que têm projeção, não só a nível local, mas também regional, é o caso da panificação e do fabrico de queijo. Não esquecer que Vales Mortos se situa na Serra de Serpa onde se localizam várias queijarias e onde é produzido o famoso queijo de Serpa.
Relativamente ao património edificado e no que concerne a monumentos históricos, não existem.
A Capela existente em Vales Mortos é muito recente. Foi inaugurada em Julho de 1982 e está situada numa zona periférica da aldeia junto à casa mortuária e ao cemitério, no lado oposto ao da concentração do casario, separando-os a Estrada Nacional 265 .
Como atividades culturais e religiosas há a referir a Festa em Honra de Santa Maria e São José que se realiza há já bastante tempo, todos os anos, em meados do mês de Agosto, de modo a coincidir com o dia 15, dia consagrado a Santa Maria.
No que diz respeito a grupos, associações e coletividades de caráter cultural, recreativo e desportivo existentes na localidade há a mencionar a Sociedade Recreativa de Vales Mortos fundada em 8 de Junho de 1994.
Como infraestruturas de apoio ao desporto, cultura e lazer existe o Centro Cultural edificado em 1990.
Relativamente a outros equipamentos coletivos, destinados sobretudo aos mais pequenos, existe o Jardim, com Parque Infantil.
Vales Mortos é uma terra que guarda bem as suas tradições.
Aqui, ainda é possível assistir a algumas rotinas que até há bem pouco tempo faziam parte do quotidiano das gentes desta zona e de toda a Serra de Serpa. A matança do porco é uma dessas tradições, ligada a uma economia de subsistência, muito rentável por não originar desperdícios, proporcionando alimentos que podiam ser armazenados e consumidos durante todo o ano, cujos processos de conservação, sobretudo o fumeiro e a salga, eram determinantes, numa zona onde a energia elétrica tardou a chegar, ficando uns produtos em conserva na salgadeira e outros no fumeiro - o varal com as chouriças e os paios.
Realizada hoje em dia, ainda por algumas famílias, mas apenas para consumo doméstico, a matança do porco continua a aliar o fator da subsistência, importantíssima no passado para as gentes do interior, a um forte convívio social, entre familiares e amigos.
Na área da saúde há a referir a existência de uma Extensão do Centro de Saúde (de Serpa) onde decorrem consultas com uma periodicidade de duas vezes por semana. É possível também a recolha de amostras para análises, efetuada por um laboratório privado, uma vez por semana.
Na área da educação e ensino, atualmente, existe o 1.º Ciclo do Ensino Básico e o Pré-escolar (itinerante).
Nota: Agradecemos a colaboração do Sr. Manuel Martins que nos forneceu algumas informações e imagens sobre Vales Mortos.
Também consultámos o blog "Vales Mortos, uma aldeia perdida na serra" através do qual é possível saber um pouco mais das gentes desta terra.
